Olá, polêmicos de plantão! Sejam bem-vindos à nossa terceira matéria da série sobre óleos de motor. Hoje o papo é reto: vamos falar sobre os aditivos, os modificadores de viscosidade e os diferentes tipos de óleo base que fazem seu motor durar mais e render melhor. Chega de ser enrolado por papo de vendedor ou propaganda confusa, depois dessa série, ninguém mais te engana quando o assunto é lubrificação. Então, sem mais delongas… sigam-me os bons!
Se no passado o óleo do motor era apenas um líquido básico para lubrificar peças, hoje ele é resultado de engenharia de ponta. E o segredo para seu bom desempenho em diferentes temperaturas está em um grupo discreto, porém essencial: os modificadores de viscosidade.
Você já se perguntou como dois óleos podem ser classificados como 0W30 e 10W30, e ainda assim oferecerem a mesma proteção quando o motor está quente? A resposta está na química ” mais precisamente nos aditivos chamados Viscosity Index Improvers (VII, ou Melhoradores de Índice de Viscosidade, são aditivos que ajudam o óleo a manter uma viscosidade mais estável em diferentes temperaturas).
A Fórmula do Óleo Moderno
O óleo de motor de hoje é uma mistura precisa de:
- Óleo base (mineral ou sintético)
- Modificadores de viscosidade
- Aditivos diversos (antidesgaste, detergentes, dispersantes, antioxidantes e muito mais)
Para atingir, por exemplo, a viscosidade ideal de 10 cSt a 100°C (cSt significa centistoke, unidade que mede a viscosidade do óleo em função do tempo que ele leva para escoar por um tubo fino, ou seja, quanto maior o cSt, mais grosso é o óleo) (o famoso “XW30”), o fabricante pode combinar diferentes bases ” como óleos de 4cSt e 6cSt ” com aditivos que garantem que a viscosidade não varie demais com a temperatura.
Por Que Isso é Importante?
Ao funcionar, o motor aquece e exige um óleo que continue fino o suficiente para fluir, mas espesso o bastante para proteger. Em temperaturas baixas, o desafio é o oposto: o óleo precisa fluir logo na partida para evitar desgaste. É aí que os VII entram: eles controlam como o óleo “se comporta” do frio ao quente.
No entanto, esses aditivos não são perfeitos. Alguns podem se degradar com o tempo, tornando o óleo mais fino do que o ideal. Isso pode explicar, por exemplo, por que algumas marcas ” como a Porsche ” preferem óleos como o 10W30 em vez do 0W30: com menos VII, há menos risco do óleo “sair da faixa” com o tempo, principalmente em motores de alto desempenho.
Outros Aditivos que Fazem Diferença
Além dos VII, os fabricantes também usam os Depressores de Ponto de Fluidez (PPDs). Eles impedem a formação de cristais de cera em óleos minerais quando o clima esfria, ajudando o óleo a fluir melhor em baixas temperaturas.
Outro ponto crítico é a volatilidade do óleo: em temperaturas elevadas, as frações mais leves evaporam e o óleo tende a engrossar ” principalmente com a oxidação, formando verniz e borras no motor. Por isso, trocar o óleo no tempo certo é mais do que um capricho: é prevenção contra problemas caros.
O Papel da Força de Cisalhamento
A viscosidade também responde à força entre peças móveis ” as chamadas forças de cisalhamento. É como ketchup: você precisa sacudir o frasco para ele fluir. Com o óleo, o efeito é parecido. Ele “afina” para passar entre os componentes quando há alta pressão e movimento. Isso é ótimo a frio, mas exige cuidado a quente ” por isso existem limites mínimos de HTHS (High Temperature High Shear) em cada grau de óleo.
Tendência: Óleos Mais Finos e Motores Mais Eficientes
Hoje, muitos fabricantes recomendam óleos mais leves como 0W20 no lugar de 5W30. Isso porque eles chegam mais rápido à viscosidade ideal na partida, gastando menos energia e aumentando a economia de combustível. Isso vem junto com motores modernos projetados para funcionar bem com óleos mais finos ” como os de 6 cSt, em vez dos tradicionais 10 cSt.
Mas há um porém: quanto mais fino o óleo, mais complexa sua fórmula. E é aí que entram os óleos sintéticos, feitos sob medida para manter desempenho e estabilidade mesmo sob as condições mais desafiadoras.
Opinião do Guru:
Por trás de cada frasco de óleo há ciência, engenharia e decisões estratégicas que impactam diretamente no desempenho, na durabilidade e na economia do seu motor. Saber como funcionam os modificadores de viscosidade e os outros aditivos é dar um passo além do manual ” é entender o que realmente protege seu carro por dentro.