CB300F Twister: A redenção da Honda ou o retorno ao caos?

Com a chegada da CB300F Twister 2025, vamos aproveitar para falar desse novo exemplar, mas também fazer uma retrospectiva rápida da história de amor e ódio da Twister e da CB300.

Em 2023, a Honda resolveu subir novamente para a sua categoria “vilã” de 300cc, mas mantendo o codinome da mocinha Twister, como que dizendo: “O trono agora é de quem entrega mais cilindradas com menos dores de cabeça.”

Voltando lá em 2001, como sucessora da CBX 200 Strada, a Honda lançava a CBX 250 Twister, que se manteve no mercado até 2008, sem mudanças significativas, apenas algumas alterações estéticas. Essa moto foi um grande sucesso, com a venda de mais de 450 mil unidades.

Para concorrer com a Yamaha Fazer 250, lançada, em 2005, como a primeira moto injetada de 250cc no Brasil, a Honda chegou, em 2009, com a CB 300R, um modelo também com injeção eletrônica e um upgrade de 40 cilindradas e 2 cavalos a mais. O que era para ser a continuidade de um legado, acabou virando um capítulo bastante conturbado na história da marca.

Quem já teve a antiga CB 300 (como também a XRE da mesma época), sabe do que estamos falando, que ela tinha um motor de “cabeça quente”, com uma tendência preocupante a trincar o cabeçote.

Isso manchou muito a imagem da Honda, conhecida até então por motos com motores que “aguentavam o tranco”, como os da CG e da Twister, tendo sido uma surpresa para o público a recorrência de problemas de trincas no cabeçote da CB 300, ali próximo da vela de ignição, que com o passar do tempo claramente foi se confirmando como um problema na projeção do motor. A postura da Honda diante dessa situação foi vergonhosa, não tendo assumido o seu erro de fabricação, nunca aberto um recall e respondendo à grande maioria de seus consumidores fiéis apenas com o seguinte:

“Esclarecemos que devido a falta de manutenções em rede concessionária conforme estabelecido em seu manual do proprietário e estar fora do período contratual de garantia, os custos são de responsabilidade do proprietário.”

A CB 300 ainda recebeu uma pequena repaginada entre 2013 e 2015 com novos defletores de tanque, piscas com lentes translúcidas, pintura dourada nas rodas e motor flex.

Apesar de sua reputação manchada, alguns pontos positivos como sua potência um pouco maior para rodar na cidade, visual inspirado na Hornet, freios C-ABS, e a própria força da marca Honda no Brasil, fizeram com que a CB300R conseguisse alcançar a marca de mais de 370.000 unidades vendidas, até sair de linha em 2015.

Para esse modelo, a Honda ficou devendo a mudança mais esperada de todas – o cabeçote redimensionado – que veio somente após sua saída do mercado, tendo sido instalado apenas na XRE, que seguiu na cartela da montadora.

Na sequência, a Honda optou por retroceder na cilindrada para trazer de volta a sua queridinha de mercado, a Twister, dessa vez com a nomenclatura CB250F, mas não retrocedeu obviamente no sistema de alimentação, agora com injeção eletrônica, afinal não faria sentido algum voltar à carburação nessa altura do campeonato.

Com 10 quilos a menos que a CB300R, uma posição de pilotagem mais ereta, câmbio de 6 marchas – contra 5 da 300-, sendo as três primeiras marchas curtas e a sexta longa, e uma menor vibração do motor, a Honda priorizou, nesse novo modelo, uma condução mais agradável na cidade. A CB250F manteve a melhoria da frenagem a disco nas duas rodas com o opcional do ABS, como a antecessora de 300cc.

Essas e outras melhorias, como a modernização do visual, chegando mais próximo das irmãs maiores da linhagem, um chassi tubular tipo Diamond, tampa de combustível acoplada ao tanque e painel digital, foram as apostas da Honda para se manter na liderança da categoria no mercado, mesmo tendo reduzido a cilindrada e aumentado um pouco o valor inicial da moto.

A CB250F ficou no mercado até 2022, ganhando algumas variações como a versão com sistema de freios combinados – CBS, novas cores e grafismos. Nesses 6 anos de produção, foram vendidos mais de 260 mil unidades.

E agora, de volta à 2023, a Honda sepultou de vez a CB 300R, promovendo a bem sucedida Twister ao cargo de 300cc. Além do aumento do diâmetro do cilindro do motor em relação à CB250F Twister, que passou de 71 para 77mm, pulando de 249,5 para 293,5 cilindradas, a CB 300F Twister ganhou um visual com uma porcentagem a mais de esportividade e novos upgrades como redimensionamento do escapamento e do radiador de óleo, embreagem assistida e deslizante, bengalas mais robustas com 41mm de diâmetro, pneu traseiro mais largo com medida 150/60R-17, banco bipartido, iluminação full-LED, painel digital mais completo com entrada USB-C e informações de computador de bordo como consumo médio e quantidade de combustível restante no tanque, e o acréscimo de um spoiler na parte inferior do motor.

Como algumas queixas atuais poderíamos citar a potência ser ainda 2 cavalos menor que a da CB300R antiga e o modelo brasileiro não ter recebido o garfo invertido e o controle de estabilidade que já tem na versão estrangeira. Itens que não foram escalados também para a versão 2025, que chegou nas concessionárias com a substituição apenas da cor amarela pela azul metálico.

O fato é que esses detalhes não ofuscaram a aceitação de mercado da CB300F Twister desde o seu lançamento, tendo vendido mais de 48.000 unidades em 2023 e já alcançado a marca de 40.000 até agosto desse ano.



Nesses quase 2 anos do lançamento da CB300F Twister, tudo indica que a Honda tirou as lições do passado, deixou os vícios para trás e entregou uma 300 de fato repaginada “por dentro” e por fora, mas isso somente o tempo vai confirmar. Podemos dizer que de fato, a moto trouxe um visual moderno e encorpado, aparentando até ser de maior cilindrada. Esperamos apenas que, caso a história de terror se repita, a Honda demonstre mais responsabilidade e compromisso com o seu quarto maior mercado consumidor, para que possamos continuar a nos aventurar por aí sem “dores de cabeçote”. E que os consumidores estejam cada vez mais informados e preparados para exigir os seus direitos e pressionar as montadoras. E aí entra o nosso trabalho, levar até você informação técnica e apurada para que você possa ter cada vez mais bagagem para fazer as melhores escolhas. Um mercado consumidor informado é mais exigente e impulsiona as montadoras a entregar sempre melhores máquinas e preços e cuidar do pós-venda.

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