Polêmicos, hoje vamos falar da BSA Gold Star, uma verdadeira joia britânica sobre duas rodas. Uma moto que não nasceu para ser apenas conduzida, mas para ser ouvida, admirada e celebrada. Então, sem mais delongas, sigam-me os bons.

Tudo começou em 1937, quando o piloto Wal Handley cruzou o circuito de Brooklands a mais de 100 mph com uma BSA Empire Star de 500cc. Pela façanha, recebeu uma condecoração simbólica: a “Gold Star”, uma estrela dourada entregue aos que atingiam essa marca no lendário circuito. A BSA, espertamente, transformou esse feito em marketing e lançou no ano seguinte a primeira de uma linhagem que viria a se tornar lendária: a M24 Gold Star.
A receita era simples, mas poderosa: motor monocilíndrico 4 tempos, comando de válvulas no cabeçote e construção leve com cabeçote e cilindro em alumínio. Isso, combinado com componentes de performance como carburadores Amal TT (e depois GP), ignição por magneto de corrida e caixas de câmbio com relações fechadas como a RRT2, tornaram a Gold Star uma máquina feita tanto para as ruas quanto para as pistas.

A montagem era quase artesanal. Cada motor era montado à mão e testado individualmente em dinamômetro ” um selo de qualidade digno de uma moto feita com alma. Existia nas versões 350cc e 500cc, com nomes que pareciam códigos secretos: ZB32, BB34, CB32, DBD34… Mas quem conhece, sabe: entre todas, a DBD34 é a mais icônica. Uma moto de corrida disfarçada de moto de rua. Tanque de alumínio polido, pedaleiras recuadas, guidões clip-on e o famoso escapamento “swept-back” selavam o visual agressivo de uma verdadeira pura-sangue inglesa.
Nas pistas, a Gold Star foi quase imbatível. Brilhou no asfalto, nos trials, no motocross, no dirt track e, claro, nas lendárias corridas da Isle of Man. Seu domínio nas categorias Clubman foi tão absoluto que a corrida chegou ao fim ” tamanha a superioridade da BSA.
E o som? Pois o som. A Gold Star não passava despercebida. Seu “thump” grave e ritmado em baixas rotações evoluía para um rugido visceral conforme o giro subia. Era um hino monocilíndrico britânico que ecoava como uma ameaça aos adversários e uma sinfonia para os apaixonados.
Além da performance, a Gold Star virou símbolo. Inspirou a cultura Café Racer, foi desejo de consumo nos anos 50 e 60 e permanece, até hoje, como uma das motocicletas mais colecionáveis do mundo. Quando a produção foi encerrada em 1963, por conta da complexidade artesanal e da mudança para motores de construção unitária, encerrava-se uma era ” mas nascia o mito.
E como toda lenda que se recusa a morrer, a BSA Gold Star voltou. Sob comando do grupo indiano Mahindra, renasceu em versão moderna com motor monocilíndrico de 652cc, ABS, injeção eletrônica, mas com o mesmo charme retrô. Uma homenagem que tenta capturar a alma da original.
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