Olá, Polêmicos! Hoje, vamos falar sobre um debate quente que acontece sobre as rodovias brasileiras, será que motos de baixa cilindrada, aquelas com menos de 150cc, são seguras para andar entre caminhões e carros em alta velocidade? Algumas pessoas dizem que é muito perigoso, enquanto outras defendem que todos têm o direito de usar as estradas, não importa o tamanho do motor. Esse debate envolve questões importantes como mobilidade, segurança e o direito de ir e vir de milhões de brasileiros. Então, o que você acha disso? Leia a matéria e nos dê a sua opinião nas nossas redes sociais. Sem mais delongas, sigam-me os bons!
Os Riscos: Visão do Lado Técnico

Para os críticos, motos de baixa cilindrada nas rodovias representam um grande risco, seria como colocar um patinete elétrico em uma corrida de Fórmula 1. A falta de potência torna essas motos vulneráveis, incapazes de acompanhar o ritmo dos caminhões e carros que andam na velocidade da via – e muitas vezes acima dela -, o que compromete a segurança e a fluidez do trânsito. Ultrapassar um veículo grande se torna perigoso, pois a moto pode balançar com o vácuo dos veículos maiores. É como atravessar um rio em uma canoa frágil, enquanto caminhões são grandes navios que criam ondas gigantes.

Entre janeiro e julho de 2021, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) registrou 71.344 acidentes graves com motocicletas, representando 54% de todos os incidentes graves nas vias brasileiras. Esses números refletem uma preocupação crescente com a segurança de motociclistas, especialmente daqueles que utilizam motos de baixa cilindrada em rodovias de alta velocidade.
Especialistas em segurança viária alertam que motocicletas com menos de 150cc podem não ser adequadas para enfrentar os desafios das rodovias. O vento gerado por veículos de grande porte, a necessidade de manter velocidades compatíveis com o tráfego e a fragilidade estrutural dessas motos são fatores que aumentam os riscos. A combinação de baixa potência e exposição às condições adversas torna esses veículos mais vulneráveis, colocando seus condutores em situações de maior perigo.

Diante desse cenário, têm surgido discussões sobre a possibilidade de restringir o uso de motocicletas de baixa cilindrada em rodovias mais rápidas. A medida visa proteger a vida dos motociclistas e reduzir o número de acidentes graves.
A Defesa: Liberdade, Mobilidade e Acessibilidade

Por outro lado, os defensores das motos de baixa cilindrada alegam que as estradas são para todos, independentemente do tamanho do motor, e que, se todos respeitarem os limites de velocidade, não há razões para impedir que motos e outros veículos possam compartilhar as mesmas vias. Para eles, o problema não é a potência da moto, mas sim a responsabilidade do piloto e dos motoristas.
“A segurança está na cabeça de quem pilota, não no tamanho do motor”, defendem alguns motociclistas.
Para eles, limitar o uso de motos de baixa cilindrada também significa limitar oportunidades. É fato que milhões de brasileiros dependem dessas motos, que são mais baratas e econômicas, para trabalhar e atender às suas necessidades diárias. Muitas vezes, uma Honda Biz ou uma Yamaha Crosser é o único meio de transporte que eles podem bancar. Além disso, há muitos aventureiros que destacam exemplos de viagens bem-sucedidas pelo Brasil – e até por outros países – usando motos de baixa cilindrada. O segredo, segundo eles, é planejamento, preparo e conhecer bem a sua moto.
Opinião do Guru
Bem, talvez a verdade esteja em algum lugar no meio dos dois extremos. É realmente verdade que as motos de baixa cilindrada têm limitações para viagens em rodovias de alta velocidade, especialmente em termos de estabilidade e potência para ultrapassagens. Porém proibir essas motos de usar as rodovias não resolve o problema de acessibilidade, algo essencial para milhões de pessoas que dependem delas.
Talvez a solução seja investir em campanhas de educação e treinamento: motociclistas mais preparados podem tomar decisões mais seguras, entendendo quando é ou não adequado usar uma rodovia com uma moto de baixa cilindrada. E se a necessidade o levar a precisar fazer sempre esse tipo de deslocamento, que ele tenha mais consciência de como pode agir para se proteger mais, como por exemplo, evitar fazer corredores principalmente nos anéis rodoviários, ultrapassagens em locais com pouca distância, tomar cuidado para não se colocar a frente de caminhões e ficar atento ao passar ao lado deles, estar com a mecânica da moto em dia e checar sempre que for sair se as luzes da lanterna, farol e setas estão funcionando.
E não vamos colocar toda a responsabilidade somente nos motociclistas, os motoristas de carros e caminhões também precisam lembrar que, como princípio básico de uma direção defensiva, o veículo maior precisa cuidar do menor. Além disso, os governantes precisam olhar mais para a melhoria da infraestrutura das rodovias – faixas exclusivas para motos e limites de velocidade mais baixos em alguns trechos poderiam ser boas soluções intermediárias, além do básico que muitas vezes não é feito que é manter o asfalto e a visibilidade em boas condições.
Outro ponto a se observar é que a indústria deveria oferecer motos com uma melhor combinação de potência e cilindrada, proporcionando maior segurança e liberdade aos condutores a um preço justo. Atualmente, vemos motos de 300 cilindradas, como a XRE, custando quase 30 mil reais, acompanhadas de propagandas exageradas que vendem uma ideia que a moto não necessariamente entrega (sem querer desmerecer a moto, mas precisamos ser realistas). Por outro lado, o governo deveria reavaliar sua política de taxação: simplesmente aumentar impostos não melhora a vida de quem depende desses produtos para trabalhar. Existem outras maneiras de arrecadar recursos sem prejudicar tanto o consumidor. A indústria, por sua vez, aproveita para lucrar, entregando muitas vezes menos do que poderia, como é o caso do sistema de freios combi brake ao invés de um ABS de série. Contudo, enquanto houver demanda, a produção continuará seguindo dessa forma. Como afirmou o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, a empresa vende carros mais caros no Brasil porque os brasileiros pagam.
No fim das contas, o debate sobre motos de baixa cilindrada nas rodovias não é apenas uma questão técnica. Ele reflete como nós, como sociedade, lidamos com a liberdade e a responsabilidade. A solução está em encontrar um equilíbrio: proteger vidas sem limitar a mobilidade e a independência de milhões de pessoas que usam as estradas por necessidade e também por lazer, é claro. Enquanto isso, a polêmica continua, como o som de um motor que nunca para, ecoando pelas rodovias do Brasil.